Portugal, a Estónia e a Letónia são os únicos países na Europa que não elegeram nenhum populista até hoje, segundo o estudo, uma análise das eleições em 31 países ao longo das últimas duas décadas por mais de 30 cientistas políticos.
Os dados, escreve o jornal, mostram que o populismo, principalmente de direita, tem aumentado consistentemente desde pelo menos 1998, época em que era sobretudo uma força marginal, com apenas 7% de votos em todo o continente.
“Hoje, [o populismo] tornou-se cada vez mais normal: alguns dos recentes desenvolvimentos políticos mais significativos, como o referendo do ‘Brexit’ e a eleição de Donald Trump, só podem ser entendidos tendo em conta o crescimento do populismo”, afirmou Matthijs Rooduijn, especialista em sociologia política da Universidade de Amsterdão, que liderou o projeto de investigação.
Os apoiantes dos partidos populistas veem-nos como defensores do cidadão comum contra os interesses adquiridos, enquanto os seus detratores argumentam que, quando no poder, estes partidos subvertem muitas vezes as regras democráticas, designadamente através da tentativa de controlo dos ‘media’ ou da justiça ou desrespeitando os direitos das minorias.
O estudo é divulgado quando faltam seis meses para as eleições para o Parlamento Europeu (PE), que decorrem entre 23 e 26 de maio na União Europeia (UE), nas quais se teme que sejam eleitos mais populistas do que alguma vez antes para a assembleia europeia.
A análise mostra que o populismo surgiu no final dos anos 1990 na Europa, desenvolveu-se no Leste nos anos 2000, expandiu-se para norte no rescaldo da crise financeira de 2008 e penetrou a Europa ocidental nos últimos três anos.
Os populistas de esquerda, que na Europa têm sido menos bem-sucedidos que os de direita, viram a sua votação aumentar em eleições nacionais, o que lhes permitiu desafiar os partidos tradicionais, como é o caso, aponta o estudo, do Podemos, em Espanha.
“Há três razões principais para o aumento acentuado do populismo na Europa”, disse ao jornal Cas Mudde, professor de Relações Internacionais na Universidade da Geórgia.
“A recessão, que criou alguns partidos populistas de esquerda fortes no sul, a chamada crise dos refugiados, que funcionou como catalisador para os populistas de direita, e finalmente a transformação de partidos não-populistas em partidos populistas, como o Fidesz [Hungria] e o Lei e Justiça [Polónia]”.
Comentários