Em comunicado, o porta-voz do Vaticano diz que o gabinete que lida com casos de abuso sexual recebeu alegações “sobre o comportamento do bispo” em 2019 e, no prazo de um ano, tinha imposto sanções.
Estas sanções incluem limites aos movimentos do bispo e ao exercício do seu ministério, bem como a proibição de manter contactos voluntários com menores ou com Timor-Leste.
Estas medidas foram “modificadas e reforçadas” em novembro de 2021 e em ambas as ocasiões Ximenes Belo aceitou formalmente o castigo, acrescenta-se no comunicado, do porta-voz Matteo Bruni.
O jornal holandês De Groene Amsterdammer publicou na quarta-feira testemunhos de alegadas vítimas de abusos sexuais, quando eram menores, crimes que terão sido cometidos durante vários anos pelo bispo, ex-administrador apostólico de Díli e Nobel da Paz.
Na sua edição ‘online’, o jornal explica ter ouvido várias vítimas e 20 pessoas com conhecimento do caso, incluindo "individualidades, membros do Governo, políticos, funcionários de organizações da sociedade civil e elementos da Igreja".
"Mais de metade das pessoas pessoalmente conhecem uma vítima dos abusos e outros têm conhecimento do caso. O De Groene Amsterdammer falou com outras vítimas que recusaram contar a sua história nos ‘media’", refere a jornalista Tjirske Lingsma.
O jornal explica que as primeiras investigações a este alegado abuso remontam a 2002, quando um timorense denunciou que o seu irmão era vítima de abusos.
Em novembro desse ano, Ximenes Belo anunciou a sua resignação do cargo, alegando problemas de saúde e a necessidade de um longo período de recuperação.
"Estou a sofrer de fadiga mental e física, o que requer um longo período de recuperação", referiu Ximenes Belo, num comunicado em que informava ter escrito à Santa Sé solicitando a renúncia do cargo de administrador apostólico de Díli, função que exercia desde 1983.
"Tenho vindo a sofrer de esgotamento, cansaço físico e psicológico, pelo que necessito de um longo período de repouso em vista de uma recuperação total da minha saúde", referia o comunicado, citado então pela Lusa.
Ximenes Belo, hoje com 74 anos, explicou que o seu pedido - escrito com base no Cânone 401 do código de direito canónico - foi aceite pelo então papa João Paulo II.
Na quarta-feira, o representante do Vaticano em Timor-Leste disse à agência Lusa que o caso estava com os órgãos competentes da Santa Sé, sem confirmar se o prelado foi ou não investigado.
"Pessoalmente não posso nem confirmar nem desmentir porque é uma questão de seriedade da minha parte, visto a competência ser dos meus superiores na Santa Sé", disse à Lusa Marco Sprizzi, representante do Vaticano em Timor-Leste.
"Esta questão deve ser dirigida diretamente à Santa Sé", referiu, questionado sobre a veracidade das denúncias de alegados abusos de menores cometidos ao longo de vários anos por Ximenes Belo, atualmente a residir em Portugal, que foram publicadas pelo jornal holandês.
Comentários