Oliveira do Hospital é o concelho mais a norte do distrito de Coimbra, faz fronteira com os distritos de Viseu e da Guarda. Foi lá que cresci, numa aldeia chamada Penalva de Alva, conhecida por ter várias praias fluviais e paisagens naturais muito atrativas, que temos de preservar.
A campanha autárquica deste ano decorre sob a égide da crise climática e coloca os candidatos perante uma emergência inevitável: é preciso construir propostas que protejam o planeta, e é preciso agir já.
A sustentabilidade é a causa das causas. Sustentabilidade ambiental, social e económica. Que assim se enquadra com outras duas prioridades fundamentais: mobilidade e habitação.
O Partido Socialista, que presumivelmente continuará na gestão da Câmara Municipal, opta por um programa eleitoral alinhado para um horizonte de 10 anos e, entre as suas prioridades, coloca a transformação do concelho num território mais sustentável ambientalmente e, consequentemente, também a nível económico, onde são priorizados novos meios de transporte, e uma gestão equilibrada da cidade, aliando a tecnologia à poupança de recursos naturais.
Incentivar a mobilidade elétrica está também na lista de propostas, nomeadamente com a inclusão de uma rede de bicicletas e trotinetes que sirva a cidade, e com o alargamento de um sistema de transportes a pedido, que simultaneamente também irá combater o isolamento das povoações e dinamizar as várias freguesias.
No campo da habitação, é prometido dar sequência a um plano de reabilitação de casas, com particular incidência nas zonas históricas e nas aldeias, que servirá depois para desenvolver um programa de arrendamento acessível particularmente voltado para os mais jovens e as pessoas com menos recursos. A reabilitação é também um exemplo de política de economia circular, evitando a nova construção e o gasto de recursos que podem ser economizados.
Potenciando o repovoamento e a fixação de população jovem, o concelho já iniciou a instalação de um espaço de coworking, integrado na Rede das Aldeias de Montanha, e a candidatura socialista prevê continuar esse caminho, com novos espaços deste género, abrindo portas ao teletrabalho como uma via para dinamizar e reabitar as aldeias, espaços fundamentais para reerguer um país sustentável, equilibrado e com coesão territorial.
Ao nível das outras candidaturas, as propostas do PSD/CDS, que não disponibiliza online o seu programa eleitoral completo, são interessantes relativamente ao cadastro florestal. A CDU, através do jornal de campanha, propõe que seja garantida uma ligação diária em transporte público, se necessário assegurada pelo município, de todas as localidades para a sede do concelho.
A geração a que pertenço foi fustigada por duas grandes crises, em 2008 e em 2020, e chega a um mercado de trabalho profundamente desregulado, que é hostil para com a juventude. E isto acontece à geração com os mais altos níveis de formação de sempre.
Apesar de tudo o que já nos aconteceu, sabemos que não vamos ter paz, a crise climática está aqui e não temos tempo a perder. Exige-se, aos responsáveis políticos, um programa claro, e que não confunda ambição com irrealismo. E estamos disponíveis para trabalhar por esses projetos, mas, enquanto membro desta geração castigada, quero relembrar todos os responsáveis políticos: não viramos costas à luta, mas já chega de estarmos sentados fora da mesa da decisão.
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