“Sempre fomos muito claros, qualquer transgressão por forças militares russas na fronteira ucraniana para cometer novos atos de agressão contra a Ucrânia, terá uma resposta severa dos Estados Unidos, dos nossos aliados”, sublinhou após um encontro com a sua homóloga alemã, Annalena Baerbock.
Blinken iniciou há dias um intenso périplo diplomático para assegurar o apoio dos europeus face à Rússia, e hoje também manteve contactos com os Governos do Reino Unido e da França.
Após Berlim, o chefe da diplomacia norte-americana deverá reunir-se na sexta-feira em Genebra (Suíça) com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov.
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tinha previamente suscitado controvérsia ao parecer indicar que uma “incursão menor” da Rússia poderia implicar uma resposta mais modesta dos aliados da NATO.
A Casa Branca (Presidência norte-americana) clarificou de seguida esta observação, ao assegurar que a resposta será “severa” em caso de ataque militar contra a Ucrânia.
Já numa conferência de imprensa realizada na quarta-feira por ocasião do primeiro ano do seu mandato presidencial, que se cumpre hoje, Joe Biden disse que “será um desastre para a Rússia” caso esta decida invadir a Ucrânia e reiterou ameaças de sanções económicas nunca vistas.
Na capital alemã, Blinken fez questão de sublinhar que as potências ocidentais permanecem unidas face à Rússia e assegurou que Moscovo não possui uma “força” comparável.
Os ocidentais “atuam em conjunto e com uma só voz quando se trata da Rússia. Esta unidade fornece-nos força — uma força, poderei acrescentar – que a Rússia não pode igualar”, assinalou.
“Exortamos a Rússia a tomar medidas para uma desescalada”, declarou, por sua vez, a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, durante a conferência de imprensa conjunta, para indicar que os aliados ocidentais não hesitarão em agir, mesmo tal implique medidas “que poderão ter consequências económicas” para os próprios.
O gasoduto Nord Stream 2, recentemente concluído mas ainda sem autorização para iniciar a atividade, com capacidade para duplicar o fornecimento de gás russo à Alemanha, tem sido considerado como uma possível “moeda de troca” na atual crise.
A Alemanha, o principal apoiante do projeto tem argumentado que o gasoduto é um projeto comercial e não deverá ficar comprometido por motivos políticos.
No entanto, o chanceler alemão, Olaf Scholz, dissipou esta semana as ambiguidades sobre o futuro do projeto russo-germânico, afirmando que a Alemanha se comprometeu junto dos norte-americanos a bloquear o seu funcionamento se a Rússia atacar a Ucrânia.
Em Londres, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, também se pronunciou sobre as atuais tensões internacionais ao considerar que uma incursão russa na Ucrânia seria “um desastre não apenas para a Ucrânia, mas também para a Rússia”.
“Seria um desastre para o mundo””, frisou, antes de apelar a negociações.
A Rússia tem negado qualquer veleidade belicista na Ucrânia, diz-se ameaçada pelo reforço da NATO na região e assegura que os seus milhares de soldados nas proximidades da fronteira ucraniana não são uma ameaça.
Em Moscovo, a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, alegou que o discurso dos ocidentais e ucranianos sobre uma iminente invasão russa constituem uma “cobertura para efetuarem provocações em larga escala, incluindo de caráter militar”.
Os Estados Unidos e os aliados da NATO enfrentam uma difícil tarefa em torno da crise ucraniana.
Biden disse que não planeia enviar tropas de combate no caso de uma eventual invasão russa, mas poderá optar por outras opções militares não isentas de risco, incluindo o apoio a uma resistência ucraniana num cenário de pós-invasão.
Ainda hoje, e de acordo com um responsável do Departamento de Estado, os Estados Unidos aprovaram os pedidos dos países do Báltico para enviar armas de fabrico norte-americano à Ucrânia.
Os Estados Unidos “aceleram as transferências autorizadas de equipamentos de origem norte-americana proveniente de outros aliados”, indicou o responsável em Berlim, quando Blinken mantinha as conversações com os europeus.
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