Na sétima sessão do julgamento, que decorre no Tribunal de Loures, o advogado de António Joaquim, acusado em coautoria com Rosa Grilo do homicídio do triatleta e marido desta Luís Grilo, colocou em causa “o padrão” determinado pela Polícia Judiciária (PJ), baseando-se nas comunicações e nos contactos (dados móveis e chamadas) realizados entre os arguidos.

Perante as explicações do coordenador da PJ, Ricardo Serrano Vieira e, posteriormente, o procurador do Ministério Público (MP) questionaram este responsável pela investigação sobre as conclusões “padrão” retiradas das comunicações (por dia e hora em que foram feitas) com base na análise das listagens da operadora de telemóvel (chamadas e dados) e no registo dos contactos efetuados entre os arguidos.

Uma das situações prende-se com o facto de, nos últimos sete fins de semana antes do crime, ocorrido em 15 de julho de 2018 (domingo), os arguidos quase nunca comunicaram, o que aconteceu no fim de semana em que ocorreu o crime (14 e 15 de julho).

À pergunta do MP sobre como é que a PJ chegou à conclusão de que os filhos de António Joaquim não ficaram nesse fim de semana com o arguido, o coordenador explicou que foi apenas com base nas declarações do arguido quando foi interrogado, apesar de a PJ sustentar na sua investigação que os menores não podiam ter estado com o pai pois o telemóvel de um dos filhos ativou uma antena que não é ativada a partir da casa de António Joaquim.

Também no que diz respeito à ativação das antenas, o advogado Ricardo Serrano Vieira pôs em causa as conclusões da investigação da PJ, que determinou que o telemóvel do arguido ativava uma antena, quando a operadora de rede, a pedido da defesa do arguido, informou que naquela zona de Alverca do Ribatejo é possível ativar uma segunda antena de telemóvel.

À medida que o coordenador da investigação da PJ ia respondendo às perguntas, os arguidos abanavam a cabeça e, num desses momentos, a presidente do coletivo de juízes, Ana Clara Baptista, chamou a atenção de Rosa Grilo, que pediu para falar.

A arguida afirmou que “são interessantes as convicções” do coordenador da investigação pois só usa as conclusões “que lhes dão jeito”, acrescentando que era normal falar com António Joaquim durante a semana e que ao fim de semana “só falavam às vezes”.

O coordenador da investigação da PJ contou que ambos os arguidos apagaram todas as comunicações entre eles, destacando “três momentos nevrálgicos” em que há uma “troca intensa” de mensagens entre os arguidos, o que nunca aconteceu até esse momento: antes de o crime acontecer, na manhã seguinte ao crime (16 de julho, segunda-feira) e entre as 17:48 e as 18:06 desse dia.

O coordenador foi ainda questionado se a investigação fez exames periciais ao coldre da arma alegadamente utilizada para matar Luís Grilo e registada em nome de António Joaquim.

“Com o devido respeito, quem quer cometer um crime não leva um coldre”, afirmou o coordenador, tendo o advogado do arguido respondido: “Com o devido respeito, quem vai cometer um crime não usa uma arma que está registada”, disse Ricardo Serrano Vieira.

Da parte da manhã foram inquiridos dois peritos do Laboratório de Polícia Científica da PJ, que estiveram envolvidos nas buscas e na recolha dos vestígios de sangue da casa da arguida Rosa Grilo.

O julgamento prossegue na tarde de hoje com a inquirição de mais peritos.

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