Foi na temporada passada mas, na verdade, não passou assim tanto tempo. Estávamos a 21 de julho do presente ano quando, a cinco minutos do fim do jogo que opôs o Benfica ao Desportivo das Aves, Nélson Veríssimo, então treinador dos encarnados, lançou Gonçalo Ramos.

O jovem avançado, com 19 anos praticamente acabados de fazer, não se fez rogado: em poucos minutos apontou dois golos e provavelmente levou muitos adeptos do futebol a perguntar-se quem seria este “miúdo” da formação encarnada que tinha conseguido bisar em pouco tempo na estreia pela equipa principal.

Pois bem, o “miúdo”, com esses golos, tornou-se no primeiro jogador da história do Benfica a marcar pelo clube em quatro equipas diferentes: sub-19, sub-23, equipa B e plantel principal, como lembra a Renascença.

O “miúdo” foi também o melhor marcador da Youth League, competição que é uma espécie de Liga dos Campeões, igualmente organizada pela UEFA, para o escalão de sub-19. Com 8 golos em 9 jogos, o jovem Gonçalo, internacional pelas seleções jovens portuguesas (apontou 4 golos em 3 jogos no Europeu sub-19 do ano passado), tornou-se o melhor marcador de uma competição onde os benfiquistas só caíram na final, aos pés do Real Madrid – o resultado foi de 3-2, com os dois golos encarnados a serem apontados por... adivinhou? Gonçalo Ramos.

Ora, depois de um final de época auspicioso, o início desta temporada não poderia estar a correr melhor ao avançado formado no Benfica. Senão vejamos:

- 1.ª jornada da LigaPro: dois golos ao Vilafranquense na vitória da equipa B encarnada (3-2) sobre a formação de Vila Franca de Xira

- 2.ª jornada da LigaPro: três golos ao Casa Pia, na goleada imposta pelos benfiquistas (6-0) ao conjunto casapiano

- 3.ª jornada da LigaPro: dois golos ao Desportivo de Chaves, na derrota do Benfica B frente à equipa flaviense (3-4)

Feitas as contas, em três jogos, Gonçalo Ramos apontou sete golos, um número absurdo em qualquer divisão futebolística, mesmo que seja segunda liga do futebol nacional.

Filho de uma antiga glória algarvia (Manuel Ramos, que no final dos anos 90 despontou no Farense), Gonçalo Ramos foi descrito por Jorge Maciel, seu antigo treinador nos sub-23 encarnados, como “um avançado chato” e “com uma intuição e uma mentalidade muito fortes, capaz de fazer golos em qualquer circunstância e a qualquer adversário”.

Resta saber se, com sete golos em três jogos, Gonçalo Ramos também se tornou um caso “chato” para Jorge Jesus, uma vez que o momento de forma do jovem de 19 anos já valeu, pelo menos por agora, uma chamada do avançado aos treinos com a equipa principal.

Mas depois da vitória por 5-1 frente ao Famalicão na primeira jornada do campeonato – em que o Benfica mostrou um “poder de fogo” assinalável – e com Gonçalo Ramos a não conseguir parar de marcar golos na equipa B, quem é que não quer ter este tipo de (bons) problemas (chatos)?