Por volta das 10:30 locais (03:30, em Portugal Continental), as ações do maior vendedor de veículos elétricos do país asiático, a BYD, caíam 1,61%, na Bolsa de Valores de Hong Kong.
A mesma tendência foi seguida por outras grandes empresas do setor, incluindo a Leapmotor (-3,69%), Nio (-1,49%), GAC (-0,99%), Geely (-0,93%) ou a Xpeng (-0,56%).
A Li Auto, que também figura na lista dos maiores vendedores de veículos elétricos na China, foi a exceção, ao subir 1,79%.
Nas bolsas da China continental, a situação foi semelhante, com perdas para a Great Wall (-1,47%), Changan (-0,91%) e SAIC (-0,4%).
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou na quarta-feira a abertura de uma investigação sobre os subsídios que a China concede aos seus fabricantes de veículos elétricos, cujos preços são “artificialmente baixos”, devido a estes apoios públicos, o que causa prejuízos às empresas europeias.
“Os mercados mundiais estão inundados de veículos elétricos chineses mais baratos e o seu preço é mantido artificialmente baixo graças a enormes subsídios estatais”, explicou Von der Leyen, num discurso sobre o Estado da União.
O vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, responsável pelo comércio, anunciou no mesmo dia que se deslocará à China na próxima semana para discutir a questão dos subsídios atribuídos aos veículos elétricos.
Após o anúncio, Wang Lutong, diretor-geral para os assuntos europeus do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, classificou a investigação como “puro protecionismo”, através de uma mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter).
“Muitos membros da UE subsidiam as suas indústrias de veículos elétricos”, afirmou. “Que legitimidade tem a Comissão Europeia para abrir uma investigação sobre subsídios atribuídos aos veículos elétricos na China?”.
A Câmara de Comércio da China na UE também expressou “forte preocupação e oposição” e considerou tratar-se de uma medida “unilateral” e “obstrutiva”, que vai contra os compromissos assumidos pela UE no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).
As exportações de veículos elétricos pela China mais do que duplicaram (+110%), entre janeiro e agosto, segundo dados da Associação de Fabricantes de Automóveis da China (CAAM) difundidos na quarta-feira.
No ano passado, foram vendidos na China quase seis milhões de carros elétricos — mais do que em todos os outros países do mundo juntos.
A dimensão do mercado chinês propiciou a ascensão de marcas locais, incluindo a BYD, NIO ou Xpeng, que ameaçam agora o ‘status quo’ de uma indústria dominada há décadas pelas construtoras alemãs, japonesas e norte-americanas.
Cinco das dez marcas de veículos elétricos mais vendidas no mundo são agora chinesas. A maior é a BYD, que fica apenas atrás da norte-americana Tesla.
O domínio chinês alarga-se também à indústria de baterias. As chinesas CATL e BYD são os maiores fabricantes mundiais. Pequim mantém ainda forte controlo no acesso a matérias-primas essenciais, incluindo terras raras.
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