“O regresso do nosso povo do seu cativeiro russo é sempre uma notícia muito boa para todos nós e hoje é um desses dias. A nossa equipa conseguiu fazer regressar 189 ucranianos a casa”, afirmou Zelensky na rede social Telegram.

De acordo com o Presidente ucraniano, os prisioneiros incluem dois civis que foram capturados na cidade de Mariupol, capturada pelas forças de Moscovo no início da guerra, após um cerco de quase três meses, bem como os soldados que defenderam a cidade e a sua fábrica de aço Azovstal.

Zelensky afirmou que entre os libertados estão ainda os defensores da Ilha das Serpentes no Mar Negro, ao largo do porto da cidade de Odessa, tomada pela Rússia nos primeiros dias da sua invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022.

“É uma alegria termos conseguido trazê-los de volta. Hoje, mais 189 famílias estão felizes”, afirmou o Presidente ucraniano.

“Estamos a trabalhar para libertar todos do cativeiro russo. É esse o nosso objetivo. Não estamos a esquecer ninguém”, sublinhou Zelensky, que também agradeceu a ajuda dos parceiros do país no estrangeiro, em especial dos Emirados Árabes Unidos.

Muitos dos prisioneiros de guerra regressados permaneceram detidos na Rússia durante mais de dois anos e meio e sofreram doenças em consequência dos seus ferimentos graves, informou a sede de coordenação ucraniana para o tratamento dos prisioneiros de guerra.

Segundo Zelensky, 3.956 prisioneiros ucranianos já regressaram da Rússia em 59 trocas efetuadas desde o início da invasão, dos quais 1.358 regressaram em 11 trocas em 2024.

As trocas tornaram-se mais frequentes após a ofensiva surpresa da Ucrânia em Kursk, em agosto, que levou à captura de centenas de soldados russos.

O Ministério da Defesa da Rússia informou que 150 soldados russos foram libertados do cativeiro, no âmbito da troca de prisioneiros.

Os militares russos foram primeiro levados para o território da vizinha e aliada Bielorrússia, onde receberam “assistência psicológica e médica” antes de regressarem à Rússia, segundo Moscovo.

A grande maioria dos prisioneiros de guerra ucranianos, são torturados enquanto estão em cativeiro na Rússia, informou Danielle Bell, chefe da Missão de Monitorização dos Direitos Humanos da ONU na Ucrânia.

A Rússia e a Ucrânia já organizaram diversas trocas de prisioneiros de guerra desde o início do conflito, que envolveram milhares de pessoas de ambos os campos beligerantes.

A 20 de dezembro, a Rússia recuperou os restos mortais de 42 soldados mortos em combates com as forças ucranianas, e entregou à Ucrânia os corpos de 503 pessoas.

A anterior troca entre as duas partes teve lugar a 29 de novembro, quando a Ucrânia recebeu os restos mortais de um total de 502 soldados ucranianos cujos corpos estavam na posse da Rússia e devolveu os corpos de 52 soldados às autoridades russas.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após o desmoronamento da União Soviética – e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.