Em entrevista à Rede Ceska Televize, Pavel fez uma “distinção clara” entre o envio de unidades de combate e a possibilidade de as tropas da NATO participarem em determinadas operações de apoio, nas quais a Aliança já tem experiência.
O líder checo lembrou que, em 2014, “após a anexação da Crimeia pela Rússia e a ocupação da zona do Donbass, que equivale essencialmente a uma agressão, foi destacada na Ucrânia uma missão de treino da NATO”, que contava com a participação de quinze países e mil pessoas.
Nesse sentido, o antigo general, que foi presidente do Comité Militar da Aliança Atlântica, sublinhou que “nada impede a ideia de que tanto os civis como os militares da NATO ajudem a Ucrânia, de acordo com a Carta das Nações Unidas”.
“Não descartaria de todo a conversa sobre este assunto (…) Seria mais eficiente enviar os instrutores para território ucraniano e aí treinar os militares em vez de o fazer na Polónia ou na República Checa”, explicou.
Além disso, sublinhou que, após o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, Moscovo declarou que “qualquer pessoa que ofereça assistência ao país seria um alvo legítimo” das suas Forças Armadas.
“Neste momento entregamos armas ligeiras à Ucrânia, mas também tanques de guerra, e em breve entregaremos caças e mísseis de cruzeiro de médio alcance. Isto não provocou ataques contra países da NATO porque a Rússia sabe muito bem que isso violaria a lei a um nível muito maior do que as violações que agora comete”, justificou.
Petr Pavel apelou aos países ocidentais para que “tenham a coragem de defender legalmente as suas atividades, uma vez que fornecer assistência e formação a um país soberano não é considerado uma intervenção militar”.
As suas palavras foram proferidas poucas semanas depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter admitido o envio de tropas ocidentais para a Ucrânia, mas a maioria dos aliados descartou essa possibilidade.
O Kremlin, por sua vez, condenou esta possibilidade e alertou que significaria “cruzar uma linha perigosa” que poderia levar a “consequências indesejáveis”.
A República Checa lidera uma iniciativa de aquisição conjunta de munições para a Ucrânia, que enfrenta escassez de material militar para conter os avanços das forças russas.
Segundo Petr Pavel, a Ucrânia poderá receber dentro de algumas semanas 800 mil projéteis de artilharia adquiridos a países terceiros como parte da iniciativa financiada por uma coligação de 18 nações.
Bélgica, Reino Unido, Dinamarca, França, Alemanha, Lituânia, Países Baixos, Noruega e Suécia estão entre os países contribuintes.
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